segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Outsourcing na América Latina X Outsourcing na India


Dentre as razões pelas quais empresas americanas e européias estão contando com a América Latina para suas necessidades de terceirização, destacam-se a questão da proximidade e, em particular, a Europa, a vantagem lingüística e de comunicação que, como bem sabemos, é condição de sucesso para processos de outsourcing de auto valor agregado

Além da qualidade da mão de obra e infra-estrutura, há também um número crescente de trabalhadores latino-americanos que estão se especializando na língua saxônica. Um exemplo disso está na Bolívia onde a indústria de terceirização é hoje considerada uma das de maior crescimento no país, segundo um relatório do TMC.net. A Associação de Contact Center e BPO colombiana (ACDECC) revelou que, em 2009, a renda gerada pela indústria foi de quase US $ 1,2 bilhão, um aumento de 18 por cento em relação a 2008. Estima-se que até 2012, a renda do setor chegue a US $ 2 bilhões.

Além de uma população em franco crescimento, há uma grande base de competências disponíveis. Em um estudo realizado pela AT Kearney, a Costa Rica foi relatada como um mercado atraente, apesar de sua população relativamente pequena. Em contraste, o Brasil é o país mais populoso do continente e, apoiado por sólida infra-estrutura, se apresenta como altamente atraente para outsourcing de TI, em particular. Em outro relatório intitulado "Destino América Latina: A Near-Shore Alternative", a AT Kearney demonstra que o percentual da população na faixa etária de 15-29 é um indicador da força de trabalho disponível para ITO e BPO para serviços globais.

A América Latina vem se demonstrando uma alternativa viável ao eixo Indiano, não apenas pelos fatos acima, mas pela estabilidade política e econômica que demonstra já há algum tempo. De fato, mesmo como imponente e grandioso celeiro mundial de prestação de serviços de outsourcing, a Índia, após os ataques em Mumbai em 2008, tem levantado preocupações internacionais sobre sua segurança. O fator distância também se coloca contra a Ásia como um hub de terceirização. Para algumas empresas contratantes, isso tem se revelado difícil, pois gerir operações complexas com trabalhadores tão distantes muitas vezes se mostra menos competitivo, em termos de custo e qualidade. Há casos, inclusive, de processos reversos de sourcing em empresas americanas.

Outro ponto relevante em relação a Índia é que o que foi no passado um grande diferencial competitivo, hoje está gradativamente migrando para os padrões jurídicos e financeiros do países clientes. A título de exemplo, a inflação de salários na Índia atingiu os 15 por cento para os serviços de TI em 2006, segundo a AT Kearney. Tal fato, em adição aos registros de turnover de funcionários variando entre 16% e 20%., apresenta um novo ingrediente na história dessa região. Já a América Latina, tem sido capaz de manter os custos baixos, o que para a economia de escala no mercado de outsourcing, é um imperativo. A AT Kearney descobriu que empresas americanas e européias têm conseguido economias de custo entre 20 e 40 por cento com terceirizações na América Latina.

Resta saber se os esforços e investimentos das empresas de outsourcing latino-americanas, bem como se as políticas de desenvolvimento econômico dos respectivos países serão eficientes e eficazes na implantação dos necessários projetos estruturais e educacionais para consolidar essa região como centro de excelência global de alto escala, no prazo que o mercado impõe. A janela de oportunidade está aberta.